Um pouco de mim


Nunca fui boa com palavras, sempre deixei que os gestos e os olhos falassem por mim. Sou reservada, muitas vezes fria e isolo-me muitas vezes, focando-me nas minhas reflexões e pensamentos.

Hoje, mais do que nunca, sou como um vulcão, prestes a entrar em erupção. Ocasionalmente a lava sobe, ocupa todo o lago e começa a transbordar devagar. Porém, até hoje, quase sempre tive auto-controlo suficiente para conseguir apaziguar a lava de pensamentos, evitando causar mais danos na minha vida para além dos que já existem. Ainda assim, continuo ainda um vulcão ativo, em estado de atividade elevado, sobrevivendo sempre com a consciência de que a qualquer altura poderei ser surpreendida mais uma vez pela força da natureza e aí poderei não estar pronta para evitar danos maiores. Sei que necessário estar preparada para um possível colapso, porém sei também que nem sempre será possível controla-lo. Estou certa disto porque apesar de ainda ter vivido pouco, a vida já me proporcionou viver na pele um leque variado de experiências, desde boas a realmente devastadoras. Experiencias com dimensões de tal maneira gigantescas que a única hipótese de sobreviver era deixar a lava correr e esperar que ela solidificasse (sabe-se lá quanto tempo depois, e caso tivesse a sorte de ela solidificar).

E por isso tornei-me um pouco há prova de bala (ou pelo menos gosto de pensar que o sou). Aos 19 anos já são poucos aqueles que me conseguem tocar na alma, que eu deixo entrar na minha vida e conhecê-la na sua profundidade. Hoje espero tudo e nada, e já pouco me surpreende. Contudo, continuo a frágil, sentimental e sonhadora criança que sempre fui, apenas é preciso procurar melhor por ela.

Rute Luz

6 comentários:

Anónimo disse...

Tal e qual como eu. Sem tirar nem por.
Puseste-me a pensar agora.. Eu também sei que continuo aquela criança sonhadora.. mas aquela criança sorridente, feliz, tão dada.. essa perdeu-se :/

Anónimo disse...

também gosto do teu :)

Anónimo disse...

muito obrigada e que bonito que isto está, gostei bastante

Anónimo disse...

de nada :)

Anónimo disse...

Obrigada mesmo pela força! Estou a precisar.. Recordar isto não é nada fácil. E superar mesmo muito menos..

Anónimo disse...

Muito obrigada, de novo! :)
Eu não vou desistir.
Aos poucos estou a tentar vencer medos, concretizar projectos que não tive coragem ou forças para concretizar antes.. Arriscar mais. Falar mais sobre as coisas, aqui e com alguns amigos lá fora "no mundo real".

"Mas lembra-te sempre que há pessoas que merecem mais de nós, e que não tem culpa nenhuma do que nos aconteceu.. e é por essas mesmas pessoas que devemos continuar a sorrir e a viver o melhor que conseguirmos :)"
Esta parte tocou-me de uma forma especial. Foi em parte por uma dessas pessoas que escrevi isto (e também devido ao projecto one hand can heal another). Preciso desabafar tudo de uma vez e vencer o que há para vencer. Acredito que há alguém que merece o mundo por aí, a quem eu gostaria de dar tudo.. e não consigo devido a este catálogo de feridas e medos. Isso pressionou-me a admitir tudo isto. Essa pessoa tem sido a minha motivação para sorrir, pra vencer batalhas, para imaginar um futuro fantástico.. E claro o apoio de alguns amigos (daqui e não só) :)